Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei (PL 3436/21) que representa um marco significativo para a saúde e bem-estar das pacientes pós-tratamento de câncer de mama. Agora, o acesso à fisioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser uma realidade para aquelas que necessitam de cuidados específicos para a recuperação e prevenção de complicações após o tratamento.
Essa notícia é um passo crucial em direção à promoção de uma abordagem abrangente no cuidado pós-cirúrgico, reconhecendo a importância da fisioterapia no processo de reabilitação. Além de representar uma conquista para o setor de saúde, essa medida traz à tona a relevância de intervenções fisioterapêuticas, como destacado por estudos recentes.
Explorando as Conquistas: Um Olhar Detalhado sobre os Resultados do Estudo de Fisioterapia Pós-Tratamento de Câncer de Mama
No estudo “Fisioterapia após cirurgia de câncer de mama melhora a amplitude de movimento e a dor ao longo do tempo“, que envolveu 49 mulheres após cirurgia de câncer de mama e que se queixavam de dor no membro superior, foram observadas melhorias expressivas na amplitude de movimento (ADM) ao longo das 20 sessões de fisioterapia. Houve um aumento significativo da ADM do membro superior homolateral à cirurgia, com ênfase notável nas áreas de flexão, abdução e rotação externa.
É importante notar que, ao comparar o membro superior homolateral ao contralateral, observou-se que a abdução não apresentou uma melhora estatisticamente significativa após a 20ª sessão do tratamento fisioterapêutico. Embora esse aspecto específico não tenha mostrado uma mudança estatística, é crucial ressaltar os resultados positivos que foram alcançados ao longo do estudo. Notaram-se melhorias significativas na flexão e rotação externa, indicando uma resposta consistente aos exercícios terapêuticos. Cada paciente é única, e a variação na recuperação de diferentes movimentos é uma realidade conhecida. Este resultado específico pode, inclusive, abrir oportunidades para uma análise mais detalhada e personalizada, permitindo ajustes específicos no plano de tratamento para otimizar a melhora na abdução. Destacamos que a fisioterapia, ao longo dessas 20 sessões, demonstrou ser um recurso valioso na promoção da amplitude de movimento e alívio da dor, contribuindo para a qualidade de vida das pacientes em sua jornada pós-tratamento de câncer de mama.
A intensidade da dor, avaliada pela escala visual analógica (EVA), mostrou uma redução significativa entre a 1ª e 10ª sessão e entre a 1ª e 20ª sessão. A correlação significativa entre EVA, índice de avaliação da dor (PRI) e o número de palavras escolhidas para descrever a dor destaca a efetividade da fisioterapia na redução da dor ao longo do tempo. (À medida que a intensidade da dor diminuiu, o índice de avaliação da dor e a quantidade de palavras usadas para descrever a dor também diminuíram, indicando uma melhora global no quadro álgico ao longo do tratamento fisioterapêutico).
Esses dados concretos fortalecem a narrativa de que a fisioterapia desempenha um papel crucial na recuperação funcional e no alívio da dor para mulheres após tratamento de câncer de mama.
A aprovação dessa lei não apenas ampliará o acesso à fisioterapia, mas também reconhece a sua relevância na promoção da qualidade de vida e na reintegração funcional das pacientes. Os exercícios terapêuticos, enfatizando flexão, abdução e rotação externa, agora estarão acessíveis a um maior número de mulheres que enfrentaram a batalha contra o câncer de mama.
A conexão entre essa conquista legislativa e as descobertas detalhadas do estudo sublinha a importância de embasar políticas de saúde em evidências científicas sólidas. A fisioterapia não é apenas uma intervenção física; é um elemento vital na jornada de recuperação e fortalecimento.
Navegando pelos Princípios da Saúde Baseada em Valor
Este avanço também se alinha à visão da Saúde Baseada em Valor, como destacado no livro “Repensando a Saúde: Estratégias para Melhorar a Qualidade e Reduzir os Custos“, de Michael E. Porter e Elizabeth Olmsted Teisberg. Reconhecendo que a qualidade do cuidado vai além da simples entrega de serviços, essa abordagem coloca a ênfase na melhoria da saúde do paciente como um todo, proporcionando resultados significativos e mensuráveis. Ao integrar o acesso à fisioterapia no pós-tratamento de câncer de mama, estamos dando passos concretos em direção a uma saúde mais centrada no paciente e orientada pelos resultados.
Este é mais um passo em direção a uma abordagem integrada de cuidados de saúde, onde a fisioterapia desempenha um papel fundamental na jornada de recuperação das mulheres que enfrentaram o câncer de mama.
No FortaleSer, acreditamos no poder transformador da fisioterapia e celebramos esse avanço que beneficiará inúmeras vidas.